Como qualquer sentimento, seja ódio, rancor, dor ou alegria, o amor se iguala ao ser. Por ser mais forte, julgam-no irreversível ou até mesmo eterno. Mas onde diabos já se viu o eterno? O que é eterno? Apenas um dilema inventado pelo mesmo autor dos sentimentos. Talvez quisesse dar a eles uma pitada a mais de emoção. Um sentimento eterno, assim como a memória, não dura. Logo, concluímos (precipitadamente ou não) que o amor é passageiro.
Poderíamos até julgar o ser humano como ser superior aos outros animais, com capacidades aleatórias e vantajosas. Porém, nem um ser é superior ao outro enquanto houver ainda, uma harmonia entre ser e natureza. Qual é a finalidade de uma formiga saber a teoria da relatividade? Ela consegue viver perfeitamente com todas as suas funções e com todo seu “QI limitado”. Não existe ser superior ao outro, o que implica é sua adaptação ao meio em que vive. Somos adaptados a nossa sociedade da mesma forma que um gafanhoto é adaptado a sua.
Uma mãe leoa julga sua cria, afastada do bando por um tempo, inimiga. A ataca e não a reconhece. Uma mãe humana, longe de seu filho, pode perder todo afeto que um dia nutriu quando este era apenas uma criança. Perde-se o afeto, mas não perde-se o contato. O mesmo seria se os leões soubessem usar o telefone.
Contudo, voltando ao assunto, vemos que os sentimentos são, portanto, consequências de nossa adaptação. Como estes, existem também desejos, impulsos, sentidos. Todos guiados pela falsa sensação do eterno, pela memória curta do cérebro frágil. Sem saber que o menor, o mais desprezível defeito nos circuitos internos, reduz o tudo a nada. Assim como máquina.
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