Luma era desinibida. Adorava
seu nome. Luma tatuou no braço o sol, seu escape para quando chovesse demais, se lembrasse.
Ela lia todos os dias os
contos feitos por seu amigo, todos os dias antes do sinal. Todos eram uma
desculpa, um motivo qualquer para que ela pudesse criar em sua mente, cores,
cheiros e sons. Criava um filme, filme, filme, filme.
Pegou a mochila e saiu
apressada da aula porque sentia que havia algo importante a fazer. Luma quase
voava, flutuava sobre suas sandálias, corria, esbarrava em pessoas, não via.
Luma seguia a trilha sonora que havia criado para o último conto de seu amigo.
Dançava.
- Luma, cuidado, o carro!
- Olha por onde anda, menina...
- Tá afim de morrer?!
Talvez fosse justamente da
morte que Luma saía, ia de encontro com a ressurreição, sua ressurreição. As
vozes se misturavam, viravam grande murmúrio batido, liquidificador sonoro.
Luma invadiu a casa, subiu no
telhado, parou, sorriu. Entendeu que não adiantava guardar, teria que dividir com o resto do mundo. Sim! Ergueu
o pescoço, segurou o vestido, o vento fazia escarcéu. De seus olhos, duas
faixas de luz projetaram para cima, o seu filme no céu.
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