sábado, 4 de agosto de 2012

O último bicho que eu gostaria de ser, é uma barata

            Não porque é um bicho sujo, transmissor de doenças, vive no úmido das sombras dos escombros mais sombrios, mas porque é o bicho mais negado e repugnado da face da Terra!
            Experimente dar um TCC pronto, brilhando perfeição à um graduando de biologia que não pensou em absolutamente nada no último semestre (com exceção, é claro, dos futuros entomólogos e dos futuros loucos. O último, segundo estatísticas, crescendo em grande número), ninguém quer saber de barata! (Barata e pepino-do-mar). Que tem de errado com a pequena Periplaneta americana?
            Estava eu, certo dia, numa lanchonete (ok, terei de concordar que não é o melhor lugar para se marcar um encontro com uma delas) mas por leis do destino a danada estava lá. Estava tão cambaleante. Deveria, com certeza, ter sofrido algum atentado de um número 42 distraído. Vi que lhe faltava uma perna e se eu pudesse ouvi-la, diria que estava desesperadamente pedindo ajuda, mendigando migalhas pra poder sustentar os 50 filhos que deixou em casa, sem pai.
            Mas eu não fui a única que vi, todo mundo viu. Vi menina "chamando o Raul", criança gritando, homem barbado afastando a cadeira. A energia local se concentrou toda ali, no bicho triste de 5 patas. Juro que se eu não estivesse inclusa nessa massa de gente-que-não-faria-o-tipo-de-coisa-a-seguir, me levantaria, pegaria o pequeno ser, devagar, com as duas mãos, levaria a um lugar seguro e diria baixinho: "Vá e domine o mundo...". Mas não. Continuei sentada.
          Enfim os segundos de tensão se passaram e o salto alto de um garota bonita e maquiada a levou, despercebido, para algum outro lugar bem melhor que o nosso.



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