sábado, 20 de setembro de 2014

“Seria eu mais importante que um pé de jacarandá?” ESPECISMO, você pratica?

Nunca ao longo da história, deparamos tanto com alguns assuntos éticos como “sexismo”, “feminismo”, “racismo”, entre outros. O sufixo “ismo”, que vem do grego, dá a entender algo que deve ser seguido como ideologia, crença e regra.
O especismo, o qual o termo se refere à discriminação a qualquer ser que não pertença a determinada espécie, ainda é termo que não recebe valor prioritário para grande parte da população. A pequena parte é composta de veganos, ativistas e gente ligada à causa.
Obviamente refiro-me à espécie humana como a causadora dos conflitos, pois todos os termos referidos no início, foram por ela inventados. Causadora de conflitos no quesito de valorizar em demasia sua espécie por “n”motivos. O principal deles: capacidade de raciocinar, logo, utilizar outras espécies ao seu favor.
Estava eu ministrando uma aula de biologia onde o assunto era “conservação da biodiversidade”, quando um aluno, por volta dos seus 12 anos, parecendo não gostar muito do meu papo, levanta a mão e me pergunta: “Professora, mas me diga: o que os corais vão interferir na minha vida?”. Pensei por alguns segundos, decepcionada, como iria convencer aquela criança que cresceu e cresce com a ideia de que sua espécie é, sem nenhum por quê de questionamento, superior a todas as outras. Respondi, tentando colocar em sua mente, que cada ser no planeta, em termos biológicos, tem uma função e por isso um papel importante na natureza; sem necessariamente servir de utilidade humana. Se ele me deu ouvidos? Duvido.
O fato é que o especismo está cravado em nossas mentes, sem nem mesmo nos darmos conta. Como outro exemplo, observe uma cena comum: pessoas reunidas em um churrasco (possivelmente de carne suína, frango ou bovina) com crianças brincando com cães ao redor. Por que não inverter os papéis das espécies que interagem com os humanos? É claro que não iria ser interessante, no Brasil, um churrasquinho de cachorro; mas na China, quem sabe?
Claro que não quero aqui, converter ninguém ao veganismo e nem mudar hábitos culturais e alimentares. Mas desejo plantar nas ideias, sementes de outros pontos de vistas em discussões; outros valores em relação à supervalorização de nossa espécie e acima de tudo sementes de respeito às demais. Afinal, seria eu mais importante que um pé de jacarandá?  


Foto: Google Imagens

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Paixão, cenoura e chocolate

Para Bellis

Nossa relação foi intensa.
Fomos parceiros e fizemos a química acontecer, eu e meu amor em cima da pia.
Mesclamos.
Fundimos nossas partes em um liquidificador com muita paixão. 
Nos esforçamos, suamos.
Da pia pra mesa, da mesa prum fogo ardente.
Derretemos.
Nos lambuzamos um ao outro e salivamos provando o beijo doce de cacau.
No fim o fruto do nosso amor. Tinha gosto doce. 
Cenoura e chocolate.

Androceu

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Gráfico de curvas

Eu sempre vou voltar nesta folha em branco quantas vezes for, porque minha vida é um gráfico de curvas.
Quando a linha desce eu quase morro, quando a linha sobe eu sinto aquela vontade imensa de estender o eixo x infinitamente.
Quando a linha desce eu penso em mil coisas.
Quando a linha sobe eu começo a esquecer, esquecer... me perco em tanta altitude e caio desesperadamente no chão.
Às vezes eu me machuco.
Às vezes erro o chão e volto,
às vezes erro o chão e vôo.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Severino é um cara brabo



A professora passou lição de casa: a construção de um personagem. E meu personagem foi Severino, um cara que eu encontrei no busão...


Na seca do Ceará ouve-se um choro de criança. Era Severino que acabava de nascer pra jogar dados com o destino, pra perder e pra ganhar. 
A parteira era pobre, a família pobre, a casinha pobre, o lugarejo também. O pai não tinha estudo e conseguia pouco dinheiro na cidade. A mãe, como a maioria das mulheres do local, nem saía de casa, ia passar a vida toda cuidando da família. E nem era tão ruim ao seu ponto de vista.
Tempos se passaram e Severino tornou-se um adolescente falante, engraçado e encrenqueiro. Toda semana a mãe era convocada à escola, mas quem disse que ia? Tinha mais sete filhos pra se preocupar. A educação dos meninos ela mesmo fazia. Era simples: quem obedecia, bem. Os rebeldes tinham seus castigos na linha, apanhavam até aprender.
Severino apanhou muito da mãe e apanhou muito da vida. Saiu da escola pra ajudar o pai a sustentar a casa. Trabalhava muito e ganhava pouco. O sol ardia.
A verdade era que Severino era comunicativo, falava mais que a mãe da cobra. Trabalhava com o pai vendendo coisas na feira e ganhava os fregueses só no papo. Sabia o que dizer, a hora certa e o jeito certo. Nisso ele era bom.
Tem alguém em um avião com destino a São Paulo, é ele, 10 anos depois. Baixo, magro e com a postura ruim, ele se dirige ao bagageiro. Só traz uma bolsa pequena com alguns pertences. Sabia que pro Ceará não iria voltar tão cedo, mas deixou suas coisas por lá. Porque as coisas acabam se tornando parte dos donos, e os donos, parte das coisas. Severino levava consigo a alegria do nordeste, mas deixava lá tudo o que o prendia àquele chão.
Ele já arranjou um trabalho, uma família e um lar. Mesmo sem ter muita experiência, ajuda a construir edifícios no centro da cidade. Já faz parte da rotina paulistana: trem lotado, ônibus lotado, gente mal educada, trânsito.
Ontem, no ônibus voltando pra casa, eu conheci Severino, e ele tava brabo:
- São um bando de vagabundo! Uns cara desses tem que morrer! Se eu pudesse, lhe tirava a roupa e lhe metia a cinta! Isso não é vida não. Olha, moço, 15 dias sem ver minha esposa, quando eu volto pra casa, cadê o dinheiro? Que eu vou falar pra ela? Eu queria comprar um tênis pro meu filho, moço, uma roupa pro meu filho, mas e agora? E não era pouco dinheiro não, era bastante, rapaz! Tinha uns mil conto lá! Os caras me levaram tudo! Quatorze anos em São Paulo, nunca que isso me acontece... São um bando de vagabundo! Cê acha que minha mulher vai acreditar em mim? Vai nada! Vai pensar que eu gastei foi em cachaça...

domingo, 10 de março de 2013

"Tem presente pra você" Expressões Artísticas de Rua


              O grupo de fotorrepórteres da Casa Mário de Andrade concluiu o curso com chave de ouro. Cada um escolheu a matéria a ser feita de acordo com suas afinidades. Eu escolhi as Expressões Artísticas de Rua!
              Nossa brincadeira foi: O que será que Mário de Andrade (antigo morador da casa onde foi ministrado o curso) veria, se pudesse transitar aos arredores do bairro atualmente?


Mário, querido,

Hoje as paredes têm ouvidos, assim como têm olhos, bocas e expressões. Hoje, se pudesse passar pelas ruas de São Paulo, você teria a cada construção, muro ou poste, uma história pra inventar.

 “A vida só se dá pra quem se deu” é a frase que grita em um dos cantos da Rua Piauí. Quase ninguém leu, como também quase ninguém “se deu” nem percebeu o contraste que faz suas janelas gradeadas com as cores vibrantes do lado de fora. As grades negam as cores, assim como as cores negam as grades. Porém, por incrível que possa parecer, se combinam, e para o olho do paulistano, convivem harmoniosamente na cidade.

         Se analisarmos a partir de um ponto de vista interessante, andar por São Paulo é procurar presentes. Em meio a tanto concreto e nuvens cinzas, acaba-se sempre ganhando aquele borrão de tinta pintada no muro, que pinta a rotina preta e branca do cidadão.





         
Tenho certeza que você, Mário, como cidadão apaixonado pela arte da cidade, adoraria receber e deixar presentes espalhados. Adoraria, como os artistas de rua, deixar estampada a arte de dar-se por inteiro.














A matéria de todos do grupo está no blog O Diário do Mário. Olha lá! ;)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Tetrix ou tetris?


       
Todas as coisas que nela se passam, jamais se organizariam em uma palavra.
Se divide em duas, mas todas as partes pequenas se juntam apertadas, brigam por querer ocupar um lugar maior.
Quase afogada em cabelos, faz da tristeza carnaval, mas no fundo, sabe que o fundo não se completa.
É como alguém que não sabe jogar tetrix.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Stegosaurus, waaaarrw!


         O maravilhoso mundo dos dinossauros foi a melhor parte do meu semestre em Cordados II. Este é um dos incríveis Ornithischia que fez parte do meu projeto de jogo de cartas e que, segundo a professora, me fez ganhar uns pontinhos a mais. Êba! Passei de ano!

domingo, 28 de outubro de 2012

Conto de Torquato

Artista urbano

          Era sol. Tinha um compromisso, não um compromisso qualquer, mas a responsabilidade de finalmente afirmar o meu desejo de ruptura libidinosa com aquela que até o momento era minha namorada. Impulsionado pelo frenesi da vontade de libertação, peguei o telefone e marquei um encontro no centro da cidade; sim, no centro! Onde a explosão de sons causa vertigem às entranhas de qualquer ser humano; certamente o centro era o lugar propício ao meu desabafo, lá eu poderia gritar à vontade, e talvez até matar a minha namorada caso tudo desse errado.
              Chegamos ao centro e sentamos em um banco - desses que ficam jogados aos montes, de forma aleatória no meio das praças -, o banco era duro e desconfortável, porém mais duro ainda era a minha missão de superar aqueles afáveis olhos de garçonete; minha garganta ganhou aspecto de deserto, de tão seca que ficou; as palavras esvaíram da minha mente como se eu estivesse sendo anestesiado; eu precisava superar tudo isto, olhei à minha volta com uma velocidade impressionante, contudo meus ouvidos foram mais rápidos que meus olhos, pois captaram uma melodia que provinha de um violão, um violão de um artista de rua. A música penetrou em meu cérebro de tal forma que consegui construir um novo castelo para os meus pensamentos, um castelo com uma nova moldura e novos soldados. Estes soldados eram palavras, que com a minha ordem atacaram ferozmente o âmago da minha namorada. Ela caiu aos prantos, derrotada e cingida de lágrimas. Eu levantei triunfante, livre da condição de prisioneiro; virei o rosto e avistei o artista inspirador do meu ato, fui em direção dele e perguntei:
            - Qual é o seu nome? Gostaria de agradecer-te por esta música, poderia eu, pagar-te um lanche qualquer?
              E para minha surpresa, o artista era mudo.



Victor Torquato

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Filme no céu

Luma era desinibida. Adorava seu nome. Luma tatuou no braço o sol, seu escape para quando chovesse demais, se lembrasse.
Ela lia todos os dias os contos feitos por seu amigo, todos os dias antes do sinal. Todos eram uma desculpa, um motivo qualquer para que ela pudesse criar em sua mente, cores, cheiros e sons. Criava um filme, filme, filme, filme.
Pegou a mochila e saiu apressada da aula porque sentia que havia algo importante a fazer. Luma quase voava, flutuava sobre suas sandálias, corria, esbarrava em pessoas, não via. Luma seguia a trilha sonora que havia criado para o último conto de seu amigo. Dançava.
- Luma, cuidado, o carro!
- Olha por onde anda, menina...
- Tá afim de morrer?!
Talvez fosse justamente da morte que Luma saía, ia de encontro com a ressurreição, sua ressurreição. As vozes se misturavam, viravam grande murmúrio batido, liquidificador sonoro.
Luma invadiu a casa, subiu no telhado, parou, sorriu. Entendeu que não adiantava guardar, teria que dividir com o resto do mundo. Sim! Ergueu o pescoço, segurou o vestido, o vento fazia escarcéu. De seus olhos, duas faixas de luz projetaram para cima, o seu filme no céu.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Um e-mail para Cláudia

O Canto do Movimento Corporal e seus resultados em mim

Mistério. Essa é a palavra com que mais me identifiquei durante e depois do curso. Não consigo largar da ideia do mistério que é a minha vida, meu modo de ser, meus relacionamentos, minha profissão e até meu próximo dia, que poderia ser muito bem igual a todos os outros.
É engraçado pensar que tento muito agir segundo a Síntese, tento procurar todas as partes que deixei que se escondessem, mas acabo sempre me indagando se aquela parte de mim realmente era minha rs.
Uma coisa interessante que o curso me passou, nem sei se era uma proposta, mas quando me vejo presa e percebo que as coisas não dependem de mim para se desenrolar, apenas respiro e começo a pensar num vazio, não num vazio ruim, mas num vazio tranquilo, no qual eu consigo ver a minha solução que é simplesmente respirar e seguir, se deixar levar na calmaria. Acho que essa foi a forma de amor que eu encontrei em mim, e que me faz repetir mais um dia sem esperar nada demais dele. Me faz tirar o fone de ouvido e ouvir um velhinho cantando do meu lado, e até arriscar cantar junto com ele. Me faz perceber alguns detalhes que seriam facilmente despercebido sob um olhar ocupado. Me faz ver Deus na natureza e em alguns vínculos que as pessoas criam entre elas.
Depois que o curso acabou, comecei a sentir falta de algo que realmente me fizesse sentar e pensar em mim, nos outros e na conexão que se faz entre os dois. Mas uma coisa não posso negar, depois dessa experiência destruí alguns tabus sobre a dança, o movimento do corpo, o próprio corpo, sobre a sensualidade, a individualidade, sobre o amor transcendental, sobre o Universo e tudo mais que ele me faz pensar.

domingo, 2 de setembro de 2012

Minha versão do filme é mais legal


Meu mais novo vício: Aquarela!
PS.: Esta foi a primeira experiência, prometo que os próximos estarão melhores ;D

sábado, 4 de agosto de 2012

O último bicho que eu gostaria de ser, é uma barata

            Não porque é um bicho sujo, transmissor de doenças, vive no úmido das sombras dos escombros mais sombrios, mas porque é o bicho mais negado e repugnado da face da Terra!
            Experimente dar um TCC pronto, brilhando perfeição à um graduando de biologia que não pensou em absolutamente nada no último semestre (com exceção, é claro, dos futuros entomólogos e dos futuros loucos. O último, segundo estatísticas, crescendo em grande número), ninguém quer saber de barata! (Barata e pepino-do-mar). Que tem de errado com a pequena Periplaneta americana?
            Estava eu, certo dia, numa lanchonete (ok, terei de concordar que não é o melhor lugar para se marcar um encontro com uma delas) mas por leis do destino a danada estava lá. Estava tão cambaleante. Deveria, com certeza, ter sofrido algum atentado de um número 42 distraído. Vi que lhe faltava uma perna e se eu pudesse ouvi-la, diria que estava desesperadamente pedindo ajuda, mendigando migalhas pra poder sustentar os 50 filhos que deixou em casa, sem pai.
            Mas eu não fui a única que vi, todo mundo viu. Vi menina "chamando o Raul", criança gritando, homem barbado afastando a cadeira. A energia local se concentrou toda ali, no bicho triste de 5 patas. Juro que se eu não estivesse inclusa nessa massa de gente-que-não-faria-o-tipo-de-coisa-a-seguir, me levantaria, pegaria o pequeno ser, devagar, com as duas mãos, levaria a um lugar seguro e diria baixinho: "Vá e domine o mundo...". Mas não. Continuei sentada.
          Enfim os segundos de tensão se passaram e o salto alto de um garota bonita e maquiada a levou, despercebido, para algum outro lugar bem melhor que o nosso.



domingo, 29 de julho de 2012

Sobre o tatame da Sala Delta

Quem é você?
                           Quem é você?
                                                       QUEM É VOCÊ?


Em quem você acredita?
Para quem você faz suas preces todos os dias?
Quem você adora?


O fato é que todo mundo pode ser o mundo!
Está tudo aqui! O cérebro pode estar programado para fazer acreditar e desacreditar. E se for mentira? E se isso em que toco for mentira? São sensações, todas as sensações... Tudo o que faço agora, é sentar e esperar, até o momento em que a única coisa que se põe a acontecer, é a cadeira virar eu, eu virar cadeira. Inconscientemente já vivi trilhares de anos e já sei de todas as inteligências! Das coisas da Vida do Universo e de Tudo Mais.


Mas... E se eu tivesse sido abduzida?!
E se ao invés de ter vindo parar aqui, eu tivesse virado numa esquina e encontrado com uns camaradas verdes e baixinhos de um certo planeta ZarquonZetaB? E se esses camaradas adorassem se fantasiar de Nathalia? Hein? Hein? O que vocês me diriam? Mediriam? MUAHAHAHAHA


Mas... E se Nathalia estiver correndo perigo?!
Ei! Nathalia! NathaliaááááÁÁÁ! Se você vir Deus, diga que Deus sou eu! E seja lá o que for acontecer, eu só digo uma coisa...


NÃO ENTREM EM PÂNICO.



Texto de cena teatral apresentada no fechamento do primeiro módulo do curso "Dança-Teatro da Totalidade, uma Alquimia Cênica" ou "O Canto do Movimento Corporal" (um curso que com certeza muda pensamento, conceito, consciência, presença... Enfim, acredito que vou ter muito o que mostrar sobre ele ainda), ministrado por Cláudia Bonina  e foi baseado nas criações vivenciadas durante o mesmo e outras demais idéias nas quais andava cutucando, inclusive as que fizeram parte da leitura do Guia do Mochileiro das Galaxias, de Douglas Adams.

domingo, 20 de maio de 2012

Dancemos

         Estamos em linha reta, eu me movo e alguém responde. Me movo de novo, outra resposta. E sem querer demonstrar nada a primeiro plano, a platéia sente de longe a tensão, e sente a insegurança dos sonhos que estavam escritos nas folhas. Silêncio e estática. 
          Mas os movimentos aparentemente estranhos, expressaram, sem que ninguém percebesse, tudo o que vinha sido absorvido durante a semana, o mês, o ano. Com os olhos fechados, sinto no tato a presença do outro, de longe a onda de calor. Peço licença e compartilho disso com um meio riso. Estamos confortáveis.
         Perco a presença, encontro de novo, daqui a pouco ela vai embora mas eu sei que volta.
         ONDE FOI PARAR? 
         E então, sinto a calma, o corpo, a oração.