sábado, 23 de outubro de 2010

Bala de café

            Ela olhou os olhos verdes por trás das lentes, cada uma de 1 grau. Borboletas no estômago.
Tentou adivinhar o que se passaria dentro daquela caixola, mas o que passavam eram as pessoas ao lado deles. Talvez 50, talvez 100, talvez um milhão, nem percebiam.
Ele olhava pra ela e ela enrubescia. Ela o olhava e ele a encarava. Os pés dele no chão e os dela nas nuvens. Se bem que ela nunca sabia muito bem onde estavam seus pés, nem suas mãos.
A viagem nunca havia ficado tão curta.
O ponteiro por trás no vidro quebrado perdera o ritmo lendo, era incrível. Tinham que deixar de ir e vir e dar um jeito de se despedir.
Então ele disse com um sorriso bobo "até a próxima..." E ela sabia. Sabia que na próxima, enquanto durasse, levaria na mochila um banquinho, e nos bolsos, bala de café.


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